Com o lançamento do perfume Paradoxe Virtual Flower, a Prada apresentou uma fragrância que nasceu da colaboração entre perfumistas experientes e um sistema de IA treinado para capturar o exato momento em que o jasmim floresce, algo que, segundo a própria marca, seria praticamente impossível de replicar pelos métodos tradicionais. O “jasmim virtual” não é apenas uma nota olfativa inovadora, mas o símbolo de um novo modo de pensar a criação de produtos no universo do luxo.
Para alcançar esse feito, milhares de variações da essência foram analisadas por algoritmos desenvolvidos no micro-laboratório da Givaudan, uma das maiores casas de fragrâncias do mundo. A tecnologia ajudou os perfumistas a compor uma fórmula que imita com precisão a nuance mais etérea e efêmera do jasmim natural. Segundo Nadège Le Garlantezec, uma das responsáveis pela criação, a IA ampliou o repertório criativo ao permitir experimentações impossíveis fora do ambiente digital, abrindo caminho para uma nova estética olfativa que mistura tradição com inovação radical.
Esse movimento da Prada se insere em uma tendência mais ampla, em que marcas de beleza apostam na tecnologia não só para criar produtos inéditos, mas para dialogar de forma mais íntima com os consumidores. Ao lado da L’Oréal, dona da licença da Prada Beauty, a fragrância foi posicionada como parte de uma estratégia que une design, diversidade e experiências digitais. Tudo isso reforça a ideia de que o luxo, hoje, precisa ser tanto sensorial quanto conectado.
O uso da IA na perfumaria ainda é novidade, mas já aponta para possíveis transformações. Mais do que automatizar processos, a tecnologia vem sendo usada como um novo tipo de parceiro criativo. Ao permitir a simulação de ingredientes raros, a reconstrução de aromas da natureza e a expansão de acordes pouco explorados, ela redefine o próprio conceito de originalidade. Nesse contexto, a IA não substitui o perfumista, mas se torna sua aliada, ajudando a transformar sensações complexas em produtos inovadores.
