A União Europeia deu um passo ousado na corrida global pela inteligência artificial ao lançar o chamado “Plano de Ação Continente da IA”. A iniciativa, apresentada pela Comissão Europeia, visa transformar o bloco no principal polo mundial de desenvolvimento e aplicação de IA, com investimentos massivos em infraestrutura, regras mais claras para empresas e uma forte aposta na formação de talentos. Segundo o comunicado oficial, a proposta busca “transformar as tradicionais indústrias fortes da Europa e seu excepcional conjunto de talentos em potentes motores de inovação e aceleração em IA”.
O plano se estrutura em cinco pilares centrais. O primeiro deles é o investimento em infraestrutura de ponta, com a criação de uma rede de fábricas de IA e a construção de até cinco Gigafábricas, que concentrarão poder computacional de última geração com cerca de 100 mil chips especializados em IA. Essas instalações devem servir como base para o desenvolvimento de modelos avançados e apoiar startups e universidades. O segundo pilar está na ampliação do acesso a dados em larga escala e de alta qualidade, com a criação de Laboratórios de Dados e o lançamento de uma estratégia para unificar dados em nível europeu, prevista ainda para este ano.
O terceiro pilar tem foco em aplicar a IA de forma prática nos setores estratégicos da economia europeia. Para isso, será lançada a “Estratégia Aplicar IA”, com o objetivo de acelerar o uso da tecnologia em áreas como saúde, mobilidade, energia e administração pública. O quarto pilar trata do fortalecimento de talentos: a Comissão pretende atrair profissionais altamente qualificados de fora do bloco, facilitar a migração legal de especialistas e criar programas de capacitação em IA generativa e outras vertentes, por meio da futura Academia de Competências em IA. O quinto e último pilar é a simplificação regulatória. Após a entrada em vigor da Lei da IA em 2024, será criado um canal oficial chamado AI Act Service Desk para orientar empreendedores sobre a aplicação da norma. Com isso, a Comissão busca garantir segurança jurídica para escalar soluções no mercado europeu. O plano surge como resposta à pressão sobre a Europa, criticada por líderes do setor como um ambiente regulatório excessivamente rígido. Ainda assim, o bloco acredita que pode conciliar inovação e responsabilidade, posicionando-se como uma potência global em inteligência artificial sem abrir mão dos seus valores democráticos.