O estudo “O Brasil Invisível”, conduzido pela Data Makers em parceria com a ESPM e a Gerando Falcões, revela um retrato pouco explorado do consumidor de baixa renda no país. Entre os entrevistados das classes D/E, 59% afirmam que pretendem aumentar seus gastos em 2025, índice superior ao observado nas classes C (55%) e AB (52%). Esses números derrubam a visão de que esse grupo é retraído no consumo e indicam um potencial de mercado que muitas marcas ainda ignoram.
A pesquisa também mostra que a digitalização já é realidade nesse segmento: 91% acessam a internet todos os dias e 49% preferem comprar pelo celular, enquanto apenas 25% ainda dão prioridade às lojas físicas. No consumo de mídia, o comportamento é multiplataforma. As redes sociais ocupam posição de destaque, com 77% dos respondentes ativos no Instagram, 71% no Facebook, 70% no YouTube e 50% no TikTok, mas a TV aberta ainda tem relevância, sendo assistida diariamente por 65%.
Outro dado relevante é a conexão desse público com causas sociais. Entre os entrevistados, 88% valorizam os direitos dos idosos, 87% os direitos das pessoas com deficiência e 86% demonstram preocupação com o bem-estar animal. Até mesmo em escolhas de consumo mais saudáveis, como a preferência por produtos zero açúcar, a baixa renda se destaca, com 73% de adesão contra 71% das classes mais altas. Isso mostra que engajamento social e consciência ambiental não são exclusividade da elite, mas fazem parte das prioridades cotidianas das periferias.
Apesar dessa participação ativa, seis em cada dez consumidores das classes D/E dizem não se reconhecer nas campanhas publicitárias. A ausência de representatividade e a presença de estereótipos fragilizam a conexão das marcas com esse público, que já demonstra abertura para ampliar seus gastos e se influencia por recomendações de influenciadores digitais quase na mesma proporção que as classes mais altas. A pesquisa evidencia, portanto, que existe um espaço para estratégias capazes de dialogar com esse consumidor em sua realidade.