Grandes marcas do mercado se reuniram para debater como as mudanças vivenciadas em 2020 irão impactar no futuro dos negócios
Por Sinara Vasconcelos, direto do Web Summit
Se o primeiro dia de Web Summit incentivou as marcas a olharem para dentro e reverem seus propósitos, o segundo dia deu um passo além e expandiu a discussão. Nesta quinta-feira (03), o foco foi o design thinking e a necessidade de criar uma cultura empresarial centrada em resolver o problema do cliente.
O desafio levantado por muitas empresas neste quesito foi mudar um processo arcaico, mas que vem sendo executado há anos: quando a oferta influencia a demanda e não o contrário. Mas, para a Digital Leader da Nestlé Purina no Brasil, Heloísa Sevciuc, é inútil falar em mudar processos ou negócios sem falar em mudar pessoas. É preciso desenvolver o senso de empatia em todos os níveis da empresa, dos cargos mais operacionais até as lideranças, e ter uma equipe onde todos entendam quem é esse cliente e quais são suas dores e necessidades.
Agregando à discussão, a Senior Content Marketing Consultant do LinkedIn, Fernanda Gurgel, destacou a importância de ter os líderes certos, que entendam por completo o perfil do público e as limitações e os potenciais da empresa, pois são eles que irão iniciar e guiar a mudança.
A sensação de que tudo mudou foi sentida, especialmente, pelo mercado de varejo, um dos mais afetados pela pandemia e que precisa se adaptar rapidamente se quiser continuar sendo relevante no cenário pós-COVID-19. Este ponto, inclusive, foi abordado por diversos palestrantes, que reforçaram a necessidade de se pensar em uma experiência de compra omnichannel para que a existência das lojas físicas continue a fazer sentido.
Uma conclusão que parece ser um consenso entre todos é de que o espaço físico não deve desaparecer completamente, mas não pode ser apenas uma questão de conveniência. É preciso que ele ajude a “dar vida” à marca, proporcionando uma experiência divertida e diferenciada para os consumidores.
Seguindo esta lógica, muitos apontaram que o modelo ideal para a loja do futuro é aquele que une as vantagens do online e do offline e elimina as desvantagens de ambos, como é o caso do Amazon Go Grocery, que foi aberto este ano em Seatle, nos Estados Unidos: um supermercado que utiliza tecnologia de visão computacional para que o cliente consiga pegar o que precisa e ir embora, sem passar pelo caixa ou enfrentar filas. Tudo é registrado pelas câmeras e cobrado automaticamente na conta da Amazon.
Finalizando o segundo dia, o empreendedor e especialista em marketing digital Gary Vaynerchuk trouxe uma reflexão sobre o uso de novas mídias, principalmente o Tik Tok. Para ele, investir em uma plataforma somente por investir é um dos piores erros do marketing. “Redes sociais vêm e vão, é preciso investir nas pessoas. Se as pessoas estão na rede social do momento, então é interessante que você esteja já, mas sempre preparado para mudar quanto toda essa atenção for direcionada para outro lugar”, pontou.
A opinião de Gary parece ser compartilhada pelos outros marketers presentes no evento, que afirmaram não ser possível ir contra à lógica das plataformas, apenas entender se ela faz sentido para o negócio em questão. Outros também teceram críticas à estratégia de criar desafios para viralizar, pontuando que a brincadeira, que é sensação entre a Geração Z, nem sempre tem o poder de engajar a parcela do público que realmente importa para a marca.
Agora, cabe aos negócios avaliarem as opções, que são cada vez mais extensas, e entender qual rede social melhor serve aos seus objetivos, sejam eles de exposição, engajamento, relacionamento ou conversão.